Qual o grau de sustentabilidade na pecuária brasileira? A pergunta foi feita a representantes da cadeia produtiva – entre produtores, indústrias e outras instituições – em uma pesquisa sobre o assunto. Em uma nota de zero a 10, a média, com base nas respostas, foi 5,37. “Dá para dizer que a gente ainda está no meio do caminho. Ainda não temos todas as práticas implementadas, mas em alguns elos da cadeia, isso já está um pouco mais estruturado”, afirma o consultor Pedro Melo, da consultoria DOM. Ele é o autor do estudo “Sustentabilidade na Cadeia de Valor da Pecuária”, feito pela consultoria em parceria com a Fundação Espaço Eco, ligada à multinacional Basf. O trabalho foi encomendado pelo Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável – GTPS.
O trabalho procurou saber quais os assuntos que mais preocupam o setor quando o assunto é práticas sustentáveis. Os temas mais mencionados pelos pesquisados foram classificados de acordo com uma pontuação. A rentabilidade se mostrou a principal, com pontuação 9,3. Depois aparecem regularização fundiária e ambiental (9,2 pontos), uso da terra (8,8) e saúde e segurança no trabalho (8,8 pontos).
Melo explica que os resultados refletem uma divisão da cadeia da pecuária em relação à sustentabilidade. Na avaliação do consultor, essa diferença de opiniões é positiva e pode representar uma oportunidade de trabalho mais integrado por parte dos diversos agentes do setor, principalmente, melhorando a eficiência na gestão. Atuar de forma sustentável, lembra o pesquisador, é importante, por exemplo, para obter acesso a novos mercados.
De um modo geral, ele considera que temas como saúde e segurança no trabalho estão entre os que mais avançaram no caminho para a sustentabilidade na pecuária. “Estamos mais próximos do que seria o ideal”. Entre os assuntos que ainda têm uma carência maior, está o uso da terra, ligado às boas práticas de manejo. “Ainda é preciso avançar um pouco mais na questão de rotação de culturas, integração lavoura-pecuária. Nesses aspectos, eu diria que ainda há uma oportunidade”, avalia Pedro Melo.
Diante dos vários aspectos tratados na pesquisa, alguns mais avançados, outros menos, o consultor avalia que, mesmo ainda tendo muito trabalho pela frente, a cadeia produtiva da pecuária assimila, de um modo geral, a importância de ser cada vez mais sustentável. “Falar da palavra sustentabilidade ainda é grego, o conceito em si ainda não é muito claro. Mas quando a gente começa a falar, explicando o que ele acha relevante, dando mais detalhes, as pessoas não entendendo a importância. e cada vez mais a visão está deixando de ser de curto e passando a ser de longo prazo”, acredita o consultor.
GloboRural